Sonhos Dali

Mergulho na escuridão e tudo à minha volta é sujo, nojento, fétido. Os farrapos humanos que vagueiam pela rua também estão dentro da taberna para onde me empurram. Sinto todos os olhares cravados em mim, do taberneiro que já desistiu de ouvir as lamúrias dos clientes e dos clientes que já desistiram de se lamuriar. A luz do Sol surge finalmente por detrás de uma porta e deparo-me com a imponência de uma torre avermelhada perdida entre ruelas. Subo. No topo, uma chinesa dá-me as boas vindas, mas não me lembro de ter sido convidada. Começa a explicar-me o significado da escultura mecânica em forma de insecto que tenho à minha frente. Funciona na perfeição, apesar da anfitriã não saber quando foi construída. Diz-me que as engrenagens entram em movimento sempre que se celebra um casamento. Um petiz chinês diverte-se a ver o insecto bater as asas, mas não sei onde está a noiva.
Abro os olhos e tudo está em silêncio. De tanto brincarem com as horas, ando a acordar uma hora mais cedo. Deve ser por isso que os sonhos têm andado tão estranhos...